Sexta-feira, 9 de Fevereiro de 2007

diário QD

 

 

 Foto by Rep Xis

Hoje, uma vez mais, o rio branco de espuma despertou-me para a indignação. Uma descarga enorme tinha transformado o Rio Ave numa pista branca, compacta. Ainda pensei em ligar ao Xis e tirá-lo da cama para imortalizar com a sua objectiva mais um momento digno da estupidez humana, mas não! Ignorei aquela merda e segui em frente. No fundo, fiz como a grande maioria, encolhi os ombros perante a inevitabilidade. De nada me serve a indignação e incredulidade, quando tais sentimentos são confundidos através do melindre ridículo e a incapacidade de análise. Estou cansado de ser confundido, conotado como um gajo do contra. Talvez a minha visão de uma Vila do Conde romântica choque com a visão e os objectivos de outros, que apostam em outras direcções, mais metálicas e viradas para uma outra “realidade” diferente da minha. Assim é, é assim que eu sou. Quando me apontam o futuro, apenas vejo o resultado da prepotência e não da modernidade. Um problema de visão, que vou tentar corrigir.

 

 

Também o 1º Ministro Sócrates aponta o dedo à despenalização do aborto como sinal do modernismo europeu. E, quando ele aponta o dedo ao futuro, está a apontar em direcção da miséria sombria que ajudou a criar. Para mim, modernidade, significa desenvolver a excelência de atendimento necessário para que as mulheres possam ter os seus filhos com toda a dignidade, mantendo a esperança no futuro, e não o contrário. Arranjar soluções para a adversidade humana como sinal de modernismo, não passa de pura demagogia. Desde o início que este referendo está envolto em hipocrisia política, o que não é honesto e defrauda os que mais se envolveram nesta questão da despenalização.

 

 

É por isso que, pela primeira vez, não vou colocar o meu voto na urna. Vou fazer de conta, como fiz hoje ao passar pelas margens do Rio Ave. Passar o dia com a minha família, ver uma exposição, ler um livro, até pescar se o dia estiver aprazível. No fundo, fazer algo que me enriqueça interiormente e não participar, nunca mais, em situações que me deixam vazio de conteúdo e perplexidade.

 

 


publicado por siX às 13:47
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8 comentários:
De seforis a 9 de Fevereiro de 2007 às 21:06
Meu caro amigo (...) nunca estive tão perto do pensamento de alguém (salve seja) como me senti de ti ao ler isto. Só com um único senão, como não podia deixar de ser, não pesco :-). Abraço e bom fim-de-semana!


De siX a 10 de Fevereiro de 2007 às 02:53
ora, seforis... basta comprar um carreto, linha, anzois, chumbeiras e uma cana. Também funciona procurar nas velharias dos nossos pais, q geralmente têm sempre algo. Depois, combinámos, e vamos os dois chatear os peixes e, melhor q tudo, apreciar a natureza à mistura com uma boa conversa :)


De seforis a 10 de Fevereiro de 2007 às 12:50
Se não tivesse tido uma ou outra experiência menos gratificante, no que diz respeito à pesca, aceitava o convite sem hesitar, caso o tempo o permitisse ( o pouco tempo disponível que tenho tento dedicá-lo à família . É tão exíguo ... ) . De qualquer forma agradeço a intenção. ...se um dia, nas férias talvez, embora ainda não saiba quando serão, estiveres disponível ensinar-te-ei a pescar sem incomodar os desgraçados dos peixes :-). Abraço!


De Anónimo a 10 de Fevereiro de 2007 às 16:40
as vezes basta acertar com a urna, e por muito que preze a blogosfera, ha coisas que devem ser colocadas aqui http://www.gnr.pt/portal/internet/sepna/12.denuncias/form_sepna.asp e so depois na blogosfera...


De bravos do mindelo a 10 de Fevereiro de 2007 às 16:41
é apenas uma sugestao...


De siX a 13 de Fevereiro de 2007 às 00:37
já o fiz por 2 vezes, pedro e resultou em ... nada!!! enfim...


De tantodemim a 12 de Fevereiro de 2007 às 17:19
Já vi que andaste pela minha terrinha a tirar fotos! Pena que assunto não seja dos melhores! Beijoka


De siX a 13 de Fevereiro de 2007 às 00:35
viva papoila... estarei lá por melhores razões, por altura das festas da freguesia :)


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