Segunda-feira, 4 de Dezembro de 2006

...e s(c)enas tristes

 

 

 

 

 

Eu não simpatizo com Manuel Pina. Não aprecio o que escreve, tão pouco compreendo a razão porque o faz. Mais incompreensível, ainda, a razão porque o Jornal de Notícias encaixa a verborreia de palavras, mesmo que na última página, própria de um sujeito tacanho, nada pitoresco.

 

Um indivíduo que, deduz-se pelo seu artigo no JN, tem dificuldade em aceitar que outros, porque descendem de uma linhagem secular que tanto contribuiu para o enriquecimento e grandeza da História, tenham agora opinião sobre as mais diversas matérias que assombram o quotidiano.

 

Manuel Pina, nascido no berço da República, não quer ouvir falar da Monarquia. Acha indecente que se propale tal, um insulto a Teófilo, Sidónio, Mário e Cavaco. Não se revê na imagem de um Rei, tão ou mais legítimo representante do Povo que qualquer presidente da república, e sim nos fantoches que se representam a si próprios, porque é desses que a República vive. Tão pouco vê inconveniente que vivam como príncipes em casas que foram de reis.

 

Não, definitivamente não gosto de Manuel Pina. Não gosto de gente que estranha uma opinião positiva de um democrata feito como o Manuel Alegre sobre um hipotético referendo de escolha entre a Monarquia e a República, porque na sua sabedoria tal não seria "natural", esquecendo Manuel Pina que em Democracia quem escolhe é o Povo.

 

Manuel Pina quis ser espirituoso, numa quase cantiga de escárnio e maldizer em torno de Reis e Duques. Conseguiu-o sob a forma de uma sena, ou cena... triste.

 

 

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publicado por siX às 23:59
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Quinta-feira, 23 de Novembro de 2006

fodido... ser ou não ser

 

 

coisa nº 12

 

 

Quase todos os dias me dirijo ao café do Ramiro ao fim da tarde, para usufruir de 20 minutos que são só meus. Aí, leio um jornal ou revista, bebo a minha bejeka, ouço um pouco de música e, quando saio, sinto-me revigorado para enfrentar a carga de trabalhos que me ocupam até à meia-noite.

 

 

 

Um dos aspectos positivos do café a essa hora tardia, é que se encontra praticamente vazio, exceptuando um grupo de crónicos muito jovens que costumam ali assentar arraiais. Estão para ali sentados, não consomem, pouco falam uns com os outros, não escondem o tédio que os apaga, tão pouco a vontade em o contrariar. Uma estranha forma de estar...

 

 

 

Ontem, ao meu lado, sentou-se um casalito. Ele, um meia-leca imberbe monocórdico. Ela, mais alta e um rosto bonito. Devido à proximidade, não pude deixar de ouvir a conversa. Nem eu, nem os crónicos...

 

 

Ele: Ouve lá, naquela noite estavas fodida!

Ela: Sim, não estava a curtir.

Ele: Mas estavas fodida, porquê?

Ela: Sei lá! Não estava a curtir e sentia-me fodida!

Ele: Estavas fodida comigo?

Ela: Não. Estava fodida porque tive que procurar o meu irmão.

Ele: Eu senti que estavas fodida comigo. Ficas-te fodida por não ir ao jantar?

Ela: Claro que fiquei fodida, mas não foi contigo. Estava fodida com o Gonha.

Ele: O Gonha estava fodido nessa noite. Vê lá, ele entrou na sala e caiu. Desatou a rir e saiu de joelhos, o caralho.

Ela: Ele foi fodido.

Ele: Mas tu estavas fodida, porquê?

Ela: Não estava a curtir e sentia-me fodida.

  

E por aí fora...

 

 

Eu sei que a comunicação entre os mais jovens se processa de maneira diferente e que nós, os mais velhos, nos temos de adaptar, procurar entender a sua linguagem, diferentes exigências e necessidades. É fundamental, para se evitarem confrontos desnecessários, que a maior parte das vezes peca pela falta de compreensão de ambas as partes.

Mas saí dali a pensar que se esta amostra é representativa da geração futura, então o futuro irá estar mais hipotecado do que já está, ou seja, fodido! Espero estar enganado...

 

 

 

 

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publicado por siX às 11:04
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Terça-feira, 21 de Novembro de 2006

coisas de nada...

 

 

 coisa nº 11

 

estou no café do ramiro a fazer tempo... coisa ingrata esta, o de estar a queimar tempo de barriga vazia, à espera! bom, tenho vinte minutos para escrevinhar qualquer coisa!!!

 

 

o benfica joga... mal, muito mal. ainda se arrisca a perder contra o copenhaga e passa a ver a liga milionária pelo canudo. claro, a culpa será sempre dos gajos do norte, não é?! estranha cena a do zé veiga declarar estar a ser vítima de um complot! tão a ver, mais uma vez os gajos do norte é que são culpados pelas maleitas dos dirigentes do clube encarnado. a continuar esta senda dos tipos encarnados gozarem a reforma aos quadradinhos e a escrever livros, não seria mal pensado deslocarem a prisão para os lados do estádio da luz! acho eu, que não percebo nada disto! e já agora, onde é que o homem vai desencantar cem mil mocas?! mistério...

 

 

até qu'enfim! alguém lá fora gritou golo, mas foi só para se divertir. mas eu não lhe faço a vontade, não me viro. a música ambiente está por demais sonolenta e chata, demasiados sons electrônicos e repetitivos conduzem-me a um passado distante em que achava que steve reich era o máximo... era a idade da parvoeira, da qual não sinto lá grandes saudades. fiz demasiadas asneiras que não são para aqui chamadas.

 

 

são quase horas de ir buscar a minha filhota ao ballett, e o benfica a desesperar... ah, o porto ganhou!!! uma chatice para os encarnados, que têm aquele ódio de estimação pela cor azul e branca. deviam estar orgulhosos! afinal, é o único clube com representação a nível de competições europeias!!! mas esses gajos não são portugueses, são mesmo encarnados.

 

 

aqui no ramiro tem um placard a dizer "blogs", que está em branco! esta malta daqui não deve gostar muito de blogs, acho. tem outro a dizer "sites", mas também não referencia nada. depois, pode-se ver perdido no placard o endereço do nelson daires, um fotógrafo que julgo ter uma exposição algures cujo tema são os fogos florestais do verão passado, a fazerem-nos lembrar o que se pretende esquecer. giro o site dos "vespa", a banda do irmão do moca. o seu baixista desapareceu para o brasil, numa altura em que a banda está ou vão estar em estúdio para gravar um cd... uma perda, porque o freddy toca guitarra baixo demais. enfim, chega de falar do placard que está demasiado pobre....

 

 

o benfica marcou. finalmente fez-se alguma "luz" no fundo do túnel, e ainda bem!!! neste momento em que estou a escrevinhar esta coisa, já marcaram três e o do penta azul respira de alívio!!! aliás, eu quero que o fernando fique muito tempo por lá.

 

 

bom, está na hora. desculpem a ausência de maiúsculas, foi para ganhar tempo. mas há quem ganhe a vida a escrever livros assim, portanto...

 

 

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publicado por siX às 20:04
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Segunda-feira, 20 de Novembro de 2006

o tipo com cara de lontra

 

 

O tipo de óculos com cara de lontra debruça-se sobre o papel, de pena na mão. Hesita... Ajeita os óculos num gesto centenário sábio e introduz a unha do dedo mindinho no interior do ouvido esquerdo. Quando o retira, o olhar circunspecto do escritor de cartas proclamações e confissões mira a cera avermelhada colada à cutícula e dá-lhe um piparote com o polegar, arremessando-a para bem longe.

 

Novamente se debruça sobre a folha de papel. O olhar grave por detrás das grossas lentes denunciam forte concentração e o turbilhão de pensamentos só é perceptível pelo ligeiro tremor das pálpebras. A afiada ponta da pena repousa estática sobre o papel, apertada entre os nós brancos dos dedos. Um sorriso aflora aos lábios finos do tipo com cara de lontra. A mão rodopia rapidamente, à qual o bico da pena corresponde numa letra perfeita arredondada treinada para impressionar e estaca tão rápido quanto começou. O papel não é mais alvo, uma coisa sem substrato. O tipo de óculos com cara de lontra endireita o tronco curvado e suspira. Lê uma e duas e quinze trinta vezes o tão escuso escrito e sorri satisfeito com o resultado final.

 

 

PRECISO DE TI!

 

 

Assim está escrito, esta é a mensagem. O tipo de óculos olha com desprezo as inúmeras folhas deixadas em branco e guarda-as numa pasta plastificada já velha, retirando do seu interior um envelope amarrotado. A folha escrita é dobrada cuidadosamente em duas quatro partes e introduzida no envelope. A sua língua humedece o rebordo e as partes coladas com a ajuda de um livro. O escritor de cartas proclamações e confissões empunha novamente a pena e no rosto do envelope escrevinha em letra de imprensa:

 

 

PARA TI

 

 

Levanta-se, dirige-se ao mural de recados exposto no café, fixa-o com um piones num espaço vazio e sai.

 

Quinze dias depois o tipo de óculos com cara de lontra regressa ao café. Um rápido olhar ao mural de recados transmite ao cérebro de que o envelope fixo não é o seu. Só então se apercebe que ao lado deste, outro envelope contém no seu rosto o mesmo escrito:

 

 

PARA TI

 

 

E outro, outro e mais outro e outro... Despega do painel o primeiro, as mãos trémulas pela ansiedade o rosto num esgar o coração acelerado, e retira a folha dobrada em quatro do seu interior desdobrando-a em duas e finalmente em uma.

Bem no centro, em letra floreada e a lápis, a inusitada resposta:

 

 

EU TAMBÉM... PRECISO DE TI!

 

 

Os restantes envelopes, abertos um a um, apresentavam mensagem idêntica à primeira, que o tipo de óculos com cara de lontra, comovido, abraça...

 

 

 

pedi emprestado este vídeo à eva, a quem endereço algo tão "fútil" quanto um abraço...

 

 

 

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publicado por siX às 12:49
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