Obrigado, Pinóquio! Graças a ti, com a vitória do "SIM" à despenalização do aborto, sinto-me mais moderno e europeu. Mas ainda não totalmente!
Para o ser completamente, espero agora a próxima campanha, da despenalização ao consumo das drogas leves.
UNPENALIZE IT!!!
coisa nº 9
Duas mulheres, duas opiniões diferentes sobre um mesmo tema, tão na ordem do dia: o aborto.
De entre as várias mensagens que caíram na minha caixa de correio motivadas pela posta aqui escrita, seleccionei estas duas por me parecerem serem aquelas que mais podiam contribuir para a discussão do tema.
A Júlia é defensora do "NÃO" e, em poucas palavras expõe o porquê ao mesmo tempo que aponta o dedo acusador ao governo e assume o seu próprio caminho que, de solitário, não deixa de ser generoso sob o meu ponto de vista.
A Cristina defende o "SIM" e prefere basear o seu parecer no excesso de coloquial que eu aplico em determinados pontos da minha posta para contrapor. É uma opção para a qual eu reservei algumas respostas no espaço dedicado aos "comments".
Ontem reli o teu post sobre a "crise moral". Reconheço que alguns valores estarão em crise, mas a questão da decisão de se fazer uma interrupção voluntária da gravidez não pode ser reduzida a uma frase como esta: "Se a opção é foder como coelhos, assim seja. Mas que se assumam as responsabilidades dos actos." Foder como coelhos?!!!! Acreditas mesmo que todas as interrupções voluntárias da gravidez acontecem depois de um "Vai ser bom, não foi?"
Esta questão não tem "Talvez"...ou se é a favor ou se é contra. Tu és contra e eu sou a favor. Tu tens os teus argumentos e motivos e eu tenho os meus.
"Desenganem-se aqueles que uivam sobre a discriminalização, apelam a melhores condições clínicas. O aborto clandestino será sempre uma realidade, neste país de meios-meios. As clínicas particulares só estarão ao alcance de meia dúzia, e duvido exista unidade hospitalar que coloque a vida de um paciente em risco pela urgência de um aborto..."
Parece-me um pouco grosseiro (ou será arrogante?!) que compares a voz daqueles que são a descriminalização do aborto a "uivos", porque tal como tu dizes "O aborto clandestino será sempre uma realidade"...Sabendo disto, não te parece que a hipocrisia é um "desvalor" que está a ser alimentado por aqueles que defendem o "não"?
É óbvio que se as pessoas são contra nunca o irão fazer, independentemente do resultado do referendo (que nem percebo porque vão gastar dinheiro a fazê-lo). Quem aceita a possibilidade da sua legalização (e não digo que esta seja uma prática utilizada como "contraceptivo") pelo menos garante a possibilidade de um atendimento profissional que protegerá a mulher de situações de risco...que aí sim, se tornará num caso de verdadeira urgência...e se tornará "um paciente de risco".
A IVG sempre existiu, sempre irá existir e sempre foi uma decisão que envolveu mulheres... e homens. Porque será que a sociedade aponta o dedo acusador às mulheres, quando, na grande maioria dos casos, a decisão de se pôr fim a uma gravidez (nem sempre indesejada) envolve também o homem?
Bem, esta é a minha opinião sobre o assunto, e tu não és o único amigo que tem uma opinião diferente da minha... E ainda bem que temos a liberdade de a podermos emitir...
Cristina
coisa nº 7
"A crise não é económica! É moral."
Esta frase não é da minha autoria, mas pertença do Armando Ramalho, personagem sobejamente conhecida por estas paragens. Há momentos fugazes de inteligência e espírito acutilante que eu reconheço no Ramalho, momentos que logo acabam por soçobrar pela força da doença que o mina.
Na realidade, a falta de padrões morais daqueles que há anos estão à frente dos desígnios deste pobre país, têm sido o calcanhar de Aquiles que nos colocaram na cauda da Europa, e hoje é aquilo que se vê: políticos corruptos que gozam de protecção e ainda ocupam lugares de destaque no serviço público, dirigentes desportivos presos, médicos, advogados e apresentadores de televisão acusados de pedofilia. A lista é infinda, não termina aqui. Pode-se mesmo afirmar que a nata da sociedade política e civil deste país é uma... merda!
Só assim se entende, pela falta de valores daqueles que nos dirigem, se declare o encerramento de maternidades ao mesmo tempo que se permite que uma empresa privada espanhola anuncie a abertura de uma Clínica de Aborto, quando o referendo ainda não aconteceu. Se o "Sim" vencer, outras se seguirão, e o Governo esfregará as mãos de contente mercê dos pesados impostos. Ganham de um lado, e ganham do outro... e o país baterá palmas porque as mulheres já podem abortar livremente. Um verdadeiro contra-senso.
Mas, que dirão aqueles ou aquelas que o apoiam quando necessitarem de tratamento hospitalar, e fulana de tal ou sicrana, pela força das 10 semanas previstas pela lei, os ultrapassarem na tão famosa lista de espera? Olharão com bons olhos e encolherão os olhos perante tal eventualidade? Ou será que ainda não pensaram nessa questão, quando o nº adiantado de abortos anual está calculado para uma média de 150.000, mais coisa menos coisa?!
Faz-me confusão que se fale do Aborto como se de uma doença se tratasse e necessitasse de ser extirpada. Não é doença nenhuma, é uma opção... como muitas que têm influência no decorrer da nossa existência. A criminalização do acto só existe para nos lembrarmos que somos seres racionais, o que nos distingue dos outros animais, os quadrúpedes. Todos somos dotados de livre arbítrio, capacidade de decisão. Se a opção é foder como coelhos, assim seja. Mas que se assumam as responsabilidades dos actos.
Desenganem-se aqueles que uivam sobre a discriminalização, apelam a melhores condições clínicas. O aborto clandestino será sempre uma realidade, neste país de meios-meios. As clínicas particulares só estarão ao alcance de meia dúzia, e duvido exista unidade hospitalar que coloque a vida de um paciente em risco pela urgência de um aborto...
E volto ao Armando: "A crise não é económica! É moral."
Grande é a responsabilidade do governo pela crise de valores que grassa pelo país, em particular nas gerações mais novas. Pela falta de exemplo, pela incapacidade de transmissão de valores, pela insegurança que transmite em relação ao futuro.
No fundo, coisas mínimas...
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