Faz hoje vinte anos que Zeca Afonso faleceu, por doença. Devo confessar que nunca gostei muito da dita música de intervenção, mas Zeca Afonso era muito mais do que isso: era um agitador. Mas não era um agitador como alguns que pululam por estas bandas! Zeca Afonso era um agitador de almas e consciências... Um artista.
Aqui fica a homenagem ao Homem que eu, na minha juventude, admirei pela sua coragem...
Assim foi. Aproveitei estas mini-férias carnavalescas para descansar à sombra da Serra da Lousã, um local magnífico. A serra, não a cidade. Lousã é terra de gente muito simpática e prestável. No entanto, a cidade não é muito atractiva sob o aspecto arquitectónico. A parte nova é desinteressante e a zona antiga está praticamente abandonada, apesar dos inúmeros solares barrocos e palacetes que lá existem.
Destaque-se os Paços do Concelho onde se encontra este estranho pelourinho que, juntamente com o castelo, se encontra classificado como monumento nacional.
O que a Lousã oferece é o espaço natural da serra, zona protegida de carvalhos e onde prolifera o veado, o javali, o corço e o milhafre, entre outros.
Não podia deixar de visitar as aldeias serranas de casas de xisto, lindas. Parei no Candal e o Xis não parava de balbuciar que ali era o lugar ideal para viver, longe de tudo, só para se dedicar à fotografia. No entanto, perdeu essa ideia quando se deu conta do estranho silêncio que o rodeava. Apesar de o tanque da aldeia se encontar com roupas lavadas a secar, não se via vivalma. Tudo fechado.
Fotog by Repórter Xis
Outro dos locais admiráveis é o da ermida da Senhora da Piedade, local de culto das gentes da Lousã.
Para lá chegar, é necessário passar pelo castelo medieval. Descer até ao rio Ceira e aí retemperar as forças com um almoço no típico restaurante O Burgo. Do restaurante, a paisagem é deslumbrante. Por sorte, apanhamos o evento gastronómico dedicado à caça e pesca. O Xis adorou a favada de caça e a bucha de coelho, mas torceu o nariz quando pedi Bifes de Veado com Tortulhos.
"Eu não vou comer o Bambi", disse. "Não te preocupes com isso. A Falina já cá não está!", respondi. Não disse mais nada. É o que eu gosto no Xis, rapaz de poucas palavras. Comeu e repetiu.
Já retemperados pelo excelente almoço regado por um fantástico Padre Pedro, lá subimos ao complexo natural e paisagístico da Senhora da Piedade. No fundo do vale corre o rio, encontrando-se na outra margem e no cimo de um morro, o castelo medieval do séc. XI, que encerra uma história muito bonita.
Reza a lenda que um emir, ou um rei, teria mandado erguer o castelo para proteger a sua filha Peralta, pois necessitava viajar até ao Norte de África em busca de reforços para combater as tropas cristãs. O nome deste emir seria Arunce, e em sua homenagem tanto a povoação quanto o castelo tiveram o nome de Arouce. Segundo dizeres populares, o rei teria lançado feitiços para que se erguessem densos nevoeiros e altas ramagens que tornassem o castelo invisível aos olhos inimigios, aquando da sua passagem por aquelas terras.
A Serra da Lousã é um local especial, quase mágico. Adorei lá estar. A gastronomia é fabulosa, e aconselho vivamente a Casa Velha, na cidade, pela excelência do seu menu, de paladares obtidos através da mestria e conjugação dos elementos que transformam uma refeição banal numa memória grata. Desiludiu-me o Viscondessa, no Palácio da Lousã, demasiado caro para um péssimo serviço. Não respeitou a reserva, os funcionários desconheciam o teor dos pratos, deslocaram o vinho para uma outra mesa mas esqueciam-se de o servir. Enfim, falta de escola...
O rio é deslumbrante e proporciona uma pesca à truta. Infelizmente, tinha esquecido a minha cana. Mas ainda apreciei um pescador isolado que utilizava como isco... milho amarelo!!! Tenho que experimentar, um dia...
Bom, e chega da Lousã. Não assisti a nenhum corso carnavalesco. Fujo deles, e no entanto, até aprecio o Carnaval. Mas é no Brasil...
Boa noite.
“O futuro fazemo-lo nós.”
Sempre acreditei nesta frase, que as nossas acções são determinantes para a construção do nosso futuro. No entanto, para lá chegar, necessário é que os actos daqueles que nos governam sejam preponderantes no sentido da criação de oportunidades às novas gerações, que terão a responsabilidade de as melhorar para entretanto as adjudicar às seguintes. E não é o que se passa. É com alguma apreensão, um sentimento conspícuo, que vejo a revolta popular para os lados de Valença. Gente apreensiva com o inusitado fecho da Urgência e a carga policial a que foi sujeita, sinal de uma determinação política mais próxima de uma ditadura que de uma democracia.
Também por cá, em Vila do Conde, está previsto o fecho da Urgência. O nosso problema não é a distância, tão pouco a crueldade de caminhos esburacados ou estradas interiores perigosas e demoradas. É sim o fluxo de utentes que por lá passam, principalmente em tempo de estio. O nosso presidente tem essa noção e preocupa-se, tal como um Pai… No entanto, prefere o caminho do diálogo em vez do assumo popular. É uma opção, caso existisse alguma abertura por quem assume algumas liberdades ditatoriais, o que se não verificou até agora. Mário Almeida deve ter ficado algo desorientado e proferido para com os seus botões - Que grande merda! -, com a desculpa do Ministro da Saúde quando este aludiu uma gripe para desmarcar uma reunião agendada, mas que saltou da cama perante a demonstração de arrojo popular dos Flavienses. O ministro gripado desorientado adoentado não tem culpa. É um pau mandado do Pinóquio, que não dá a cara pelas suas decisões e mantém assim os índices de popularidade que lhe darão cobertura até às próximas eleições. Talvez nas entrelinhas esteja escrito:
“Tens que aguentar. És do PS e não deves manifestar-te. Os autarcas desordeiros são do PSD, e não podemos ter elementos do PS envolvidos em manifestações e outras acções de cariz popular, ou não conseguiremos tratar este problema como uma situação política.”
Mas eu iniciei esta posta a falar do futuro! Um futuro num país cada vez mais dividido entre Norte e Sul, onde Lisboa manda em tudo e o Porto não manda em nada! Um país em que o fosso divisório entre os mais pobres e os mais ricos alargou, em que estudar significa cada vez mais desemprego, onde ainda se morre por falta de assistência médica. É assim o meu país, dividido em zonas ricas e zonas pobres. Eu vivo na zona mais pobre do país, o Norte! Que, incrivelmente, é onde mais se trabalha mas também a mais explorada por gente sem escrúpulos, que garantem o seu futuro à custa da miséria de muitos.
É por essa razão que aprecio cada vez mais a Ilha da Madeira e o seu Imperador, Alberto João Jardim. Admiro a sua rebeldia, inteligência e espírito acutilante. O chamar os bois pelos nomes quando necessário, o populismo aliado à sua figura bizarra e determinação implacável. Foi graças à sua personalidade indómita e dedicação pela sua gente que a ilha da Madeira evoluiu de uma região esquecida e pobre para a segunda mais rica. Uma dedicação que lhe atribuiu uma popularidade sem precedentes e provoca a inveja de governantes, autarcas e presidentes.
Ao, inesperadamente, provocar eleições antecipadas na Madeira motivado pela aprovação da nova lei das Finanças Regionais que, no seu entender, vai prejudicar quem lá vive, Alberto João provoca o governo socialista de Pinóquio. Não vai conseguir inverter a lei, mas garante mais dois anos de mandato e enfureceu os socialistas que, apesar de interpretarem tal acto com a costumeira indiferença, não conseguem disfarçar o incómodo da afronta.
Politicamente, é inegável que Alberto João Jardim é implacável e duro. No entanto, o sentimento pelo bem comunitário destaca-o dos seus pares, o que o torna inquietante, um «outsider» da política. O bem-estar dos seus concidadãos está acima de qualquer interesse partidário, e ele não o esconde. Por essa razão, os naturais fixam-se cada vez mais, quebrando o fluxo emigratório dos que por razões óbvias abandonavam a ilha.
Tomara a grande maioria dos governantes, autarcas e outros que tais, que pululam por esse país fora, demonstrassem em actos e atitude metade do que Alberto João Jardim conseguiu ao longo destes anos, em vez das eternas promessas ocas e vãs que nos enchem de perplexidade e assombro relativamente ao futuro.
Sou mesmo um tipo triste, não?-:)
O Carnaval à porta e eu de fugida, como de costume. Também preciso de redenção, se me entendem...
Levo o Xis comigo e prometo umas fotos exemplares daquele lugar extraordinário, aqui tão perto: a Serra da Lousã...
Tenham um bom fim de semana...
Eu não queria acreditar. Os Chieftains de Paddy Moloney em Portugal? Incrível!
Os Chieftains eram uma das bandas que me preenchia o imaginário, com as suas uileann pipes, tin whistle, bodhrán e sei lá que mais, fantásticamente manuseados por artistas de idade que teimavam em continuar a divertir-se e a divertir os outros.
Paddy Moloney, o líder e principal compositor desta banda mítica, é um grande comunicador, sempre bem disposto e um músico de grande qualidade. Demostrou-o perante um pequena plateia apaixonada pelos sons que transmitem paisagens e histórias tristes, encantadoras.
Adorei! Que mais posso dizer? Que gostaria imenso de os voltar a ver! Para quem nunca os apreciou, deixo aqui dois vídeos: o primeiro, com a a participação de Alison Krauss no tema lindíssimo Molly Ban
e um segundo (coisa rara), numa colaboração quase impossível, com Ziggy Marley (filho de Bob Marley) num dos temas mais belos de sempre, Redemption Song
Cheguei a casa e tomei 2 comprimidos para as dores de cabeça. Estou há 2 meses numa fase de trabalho intensa e por vezes…
Ok, mas o que é isto comparado com as pressões e depressões das celebridades? Nada!
O que são dois comprimidos comparados com os 60 cigarros, 20 Red Bull, 36 Cafés duplos, 10 comprimidos diários de Robbie Williams?
Obrigado, Pinóquio! Graças a ti, com a vitória do "SIM" à despenalização do aborto, sinto-me mais moderno e europeu. Mas ainda não totalmente!
Para o ser completamente, espero agora a próxima campanha, da despenalização ao consumo das drogas leves.
UNPENALIZE IT!!!
Nem vou gastar mais uma linha com o filme que foi uma merda. Mas podem ter a certeza… Viva o Rocky Balboa.
Ouvi pela rádio que a participação no referendo até às 16 h situava-se nos 31%.
12.30 – Ouvi agora pela televisão que a ida às urnas está abaixo do que é normal!
Pois! Culpem o mau tempo!
Aguardemos pela tarde…
Foto by Rep Xis
Hoje, uma vez mais, o rio branco de espuma despertou-me para a indignação. Uma descarga enorme tinha transformado o Rio Ave numa pista branca, compacta. Ainda pensei em ligar ao Xis e tirá-lo da cama para imortalizar com a sua objectiva mais um momento digno da estupidez humana, mas não! Ignorei aquela merda e segui
Também o 1º Ministro Sócrates aponta o dedo à despenalização do aborto como sinal do modernismo europeu. E, quando ele aponta o dedo ao futuro, está a apontar em direcção da miséria sombria que ajudou a criar. Para mim, modernidade, significa desenvolver a excelência de atendimento necessário para que as mulheres possam ter os seus filhos com toda a dignidade, mantendo a esperança no futuro, e não o contrário. Arranjar soluções para a adversidade humana como sinal de modernismo, não passa de pura demagogia. Desde o início que este referendo está envolto em hipocrisia política, o que não é honesto e defrauda os que mais se envolveram nesta questão da despenalização.
É por isso que, pela primeira vez, não vou colocar o meu voto na urna. Vou fazer de conta, como fiz hoje ao passar pelas margens do Rio Ave. Passar o dia com a minha família, ver uma exposição, ler um livro, até pescar se o dia estiver aprazível. No fundo, fazer algo que me enriqueça interiormente e não participar, nunca mais, em situações que me deixam vazio de conteúdo e perplexidade.
Que não haja dúvidas de uma coisa! Estou-me a divertir muito com esta campanha nomeadamente com as posições extremadas de ambas as partes. Episódios não têm faltado. Prefiro no entanto recordar (a propósito de um e-mail que me enviaram e transcrevo!) um episódio antigo do já bem recuado ano de 1982 (3 de Abril), ocorrido num debate na Assembleia da República sobre a legalização do aborto, e no qual o deputado do CDS João Morgado fez esta notável frase: «O acto sexual é para ter filhos».
A resposta de Natália Correia não se fez esperar, com a acutilância e a graça que só ela sabia pôr em poema – depois publicado (5 de Abril) pelo Diário de Lisboa – suscitando a hilaridade de todas as bancadas parlamentares:
Sendo o Brasil uma terra de contrastes verdadeiramente paradigmáticos, é também um país de músicos excelentes, compositores fantásticos e vozes fabulosas. Uma dessas vozes é a de Milton Nascimento.
Vi-o por duas vezes. Uma no Coliseu e a outra no casino da Póvoa de Varzim. Das duas vezes, foi fantástico, hipnótico até. Milton passeia-se com à-vontade pelos mais diversos estilos musicais e rodeia-se de uma panóplia de músicos verdadeiramente fabulosos.
Tenho quase toda a discografia do Milton e adorei a dupla que fez com Wagner Tiso, um dos grandes compositores brasileiros. Mas o disco mais valioso que possuo, é o "miltons" com Fernando Brant e participações de Nana Vasconcelos e Herbie Hancock, não só pela música como pela simpatia com que Milton autografou o "meu" disco.
Para ele, todos os abraços e felicidades deste mundo...
VENDEDOR DE SONHOS
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