Paulo Praça, o mais andrógino dos músicos vilacondenses, está prestes a entrar em estúdio para a gravação de mais um projecto, desta vez a solo. O Paulo, que salta de projecto com a mesma velocidade com que muda de camisinha, confidenciou-me que devido à paragem forçada da banda Plaza, vai lançar um CD cantado na língua de Camões.
Nada disto seria novidade, não fosse o facto de as letras serem da autoria do poeta vilacondense Valter Hugo Mãe, uma dupla que promete.
Fico expectante e impaciente para ouvir...
Aviso: Linguagem imprópria a menores de 18 anos. Continue por sua conta e risco...
Fotog. by siX
Ultimamente, tenho falado na tristeza, um sentimento muito português... Somos um povo triste, afundado na maior das depressões, e duvido muito que a campanha futebolística altere este estado de espírito.
Estranhos heróis que substituíram os descobridores e os conquistadores, esses sim, os verdadeiros...
E este feeling lixado com que ando, chateia-me pelo simples facto de que ando a descontar cerca de metade do meu salário para impostos, sabendo de antemão que corro o sério risco de receber zero quando atingir a idade da reforma, comprometendo assim o meu futuro e o dos meus, aliás como alguns políticos não se cansam de apregoar, o que até parece encomendado...
Mas mais fodido fico quando leio no jornal que o número de reformas milionárias atingiu já o dobro das requeridas o passado ano!!!
Quer dizer, ando eu a descontar uma pipa de massa para pagar reformas milionárias, e dizem-me para ter paciência? Que puta de merda vem a ser esta?
Mais, assisti ao Prós e Contras desta semana, e fiquei deveras surpreendido com o quadro relativo ao crescimento económico que o Dr. Medina Carreira apresentou, e não mereceu o mínimo apontamento dos seus pares no programa. O quadro apresentava uma taxa de crescimento económico na ordem dos 8% na década de 60-70 e começava a decrescer gradualmente ao longo das décadas até atingir os 0,6%, valor que é apresentado como fixo para a próxima, e que me pareceu ser de consenso geral mais uma vez...
Próxima década? Que vem a ser esta merda? É então verdade que na Idade das Trevas se governava com precisão e inteligência, e que após o 25 de Abril só por lá andaram incapazes? Podem alegar que os tempos eram outros, que tinhamos as colónias, bla bla.. mas que me desculpem, só por si não é razoável, santa paciência...
Continuamos a ver futebóis a mais, essa é que é essa! E enquanto assim andarmos, enquanto o governo se continua a governar e a iludir-nos com futebóis e falsos ídolos, continuar-nos-emos a enterrar cada vez mais até...
Há coisas e coisas
Coisas boas e coisas más
As que se guardam
As que ficam para trás
Pessoas hão
Que coisas não são
Com outras
Nem se coloca a questão
Raio de objectos
Essas coisas, dejectos
Que me apertam a mão
Coisas que rebolam
Riem e choram
Se acham imortais
E, ao fim e ao cabo
Dizem coisas tais
Que não lembram ao diabo
É mais coisa, menos coisa
Coisa sim
Ou coisa não
Que raio de coisa esta
Coisa
Do arco-da-velha
Que me afecta a razão
Ana Marques, jornalista do JN que costuma escrever sobre Vila do Conde no suplemento Regiões, não deve simpatizar muito com o Tio. Hoje apareceu com mais uma notícia, visando o reboque de automóveis estacionados no passeio, frente ao Castelo S. João, reboque que seria efectuado para o parque de Póvoa de Varzim, devido ao facto de as instalações da PSP cá do burgo não possuírem o precioso espaço...
Eu digo que a jornalista não gosta do Tio, porque no artigo é notória, apesar de não assumida, a defesa do infractor em detrimento do pedido efectuado pela Câmara à PSP, apresentando queixinhas de indivíduos que protestam o facto de terem que se deslocar a pé à cidade vizinha, ou eventualmente de boleia, para levantar o carrito.
Passeio defronte ao Castelo S. João. Proibido estacionar.
Ora, eu não posso estar de acordo com o artigo da jornalista. Por mim, estão todos muito bem despachados para a Póvoa de Varzim... e se vão a pé, ainda melhor.
Então, o gigantesco parque automóvel ali criado para os amantes dos copos, não serve? Têm que estacionar os seus bólides defronte aos bares, sabendo que ali é proibido? Não querem andar uns metritos, é?! Ficam cansados!!!
Parque de estacionamento, mesmo ali ao lado.
Reboque com eles, e pena tenho que não seja para Esposende. Nada como uma caminhada a pé pela marginal, para arejar as ideias dos amantes dos espaços curtos...
Isto de não se escrever nada durante uns tempos, dá a ilusão de que se tem muito a dizer da próxima vez que se pega na pena, o que não passa de uma mentira. Na verdade, nada me ocorre à memória de significativo e, espante-se, até já consegui escrever três linhas...
Bom, se alguém teve paciência para ler até agora, pode continuar!
É notória a tristeza que paira sobre a blogosfera bileira, carago, excepção feita à Mary, que trilha um caminho do qual não se desvia um milímetro que seja, o que não deixa de ser impressionante, e o António Pedro Ribeiro, que se está a marimbar para a opinião de gurus mal-amanhados, não linka ninguém e anda obcecado com a ideia de comer um primeiro-ministro ao pequeno-almoço. O resto do maralhal suspira pelo ressurgimento da coisa mais parecida com o New Yorker intitulada o O Vilacondense, e tem-se assistido à criação de outros que, em vez de procurarem o seu próprio caminho, não passam de uma pálida imitação do "desejado"...
Não sei se estão a topar, mas também não faz mal.
E por falar na criação de novos blogs, ando chateado com o Repórter Xis. Então, não é que ele me liga e diz que vai criar o seu próprio blog ou flog? Que está farto de estar na minha sombra? Que eu isto e aquilo? Que vá para o raio que o parta, esse ingrato, esse... esse... artista de meia tigela...
Mas voltando ao tema anterior, o da tristeza, quer-me cá parecer que aqui na aldeia se está tudo a marimbar para o que é válido, como por exemplo, a saudinha dos nossos filhos, os eczemas de pele, as alergias e sei lá que mais, que podem ser provocadas por uma água do mar imprópria para veraneantes. Ninguém ligou puto ao facto de a zona, cujas análises foram de espantar o maior dos espantalhos, fosse designada de Costeira Urbana Norte, que é como quem diz a extensão que vai da Senhora da Guia aos limites das Caxinas a Norte...
E pareceu-me ouvir alguém referir a poluição provocada pelo Rio Onda?! Mas isso não fica em Labruge, na Zona Urbana Costeira... Sul?
E por falar nas Caxinas, estive este fim-de-semana numa das suas praias, e à qual presto agora o meu tributo:
O lugar das Caxinas
É terra de pescadores
Praia de areias finas
E outros esplendores.
Que as areias continuam finas, isso é verdade. Que as meninas são bonitas, também. Mas que a porcaria da areia, que mais parece terra, estava suja de cimento, é uma outra realidade. A areia e os esgotos poluentes à vista de todos, deixaram-me mal disposto.
Não volto lá...
Tal como o Kafka, começo a achar que o Pátio, café do meu amigo Ramiro, começa também a ficar alternativo para mim.
Contribuição do siX para o logotipo
Na última sexta-feira, pela primeira vez, detestei lá estar. Uma barulheira infernal, grupos de bêbados a importunarem tudo e todos com os seus berros e bocas foleiras e gente feia a deambular pelos jardins de garrafa na mão, alteram a filosofia e identificação do café como local onde se respira cultura, e começa a mexer com a paciência dos moradores da zona, cujo descanso merece ser respeitado.
Para que estão lá os livros à disposição, se ninguém consegue ler uma linha que seja?
Um aviso para o Ramiro que, apesar da sua simpatia, um dia destes ainda tem uma surpresa desagradável.
Bom, esta noite vou assistir à leitura de poemas do Jim Morrison pelo António Pedro Ribeiro. Espero que seja uma noite calma, e haja respeito pelos declamadores...
A televisão está uma seca... o telefone não pára de tocar... não gosto de velas com cheiro... já li este livro 2 vezes...
Acho que vou até ao Patheo...
Por vezes, parece
Nada fazer sentido
Que julgo ter até perdido
A prece
O absinto
O amor
Pequenas coisas, sinto
Ser merecedor.
Há dias assim,
Ando desafinado...
Não por mim
Eu, que detesto o fado.
Penso no meu amigo,
Tão distante...
Na gargalhada
Contagiante.
Penso em ti
De vez em quando,
Meu amigo
Orlando.
(in memorian)
Fotog. by Repórter Xis
Sabe-se agora o que os gajos do contra sempre desconfiaram, que a qualidade da água que supostamente é para ir a banhos este verão, se aproxima mais do corrimento do suco nasal do que das águas em que Jesus Cristo se banhou pela primeira vez...
Bem, Cristo não se banhou no mar, mas sim num rio... e o rio não se chamava Ave, mas sim Jordão. Mas que importa isso? Não passa de um mero pormenor e afinal Jesus está em todo o lado, não é?
Mas... carago, eu não entendo. Então o nosso Presidente, que Deus o tenha à sua esquerda, não afirmou repetidamente que essa história das bandeiras azuis não passavam de uma treta e que as águas da nossa costa eram das mais límpidas de toda a Ibéria? Alguém cometeu um erro de cálculo, e se calhar de propósito... Afinal, os jornalistas de hoje não prestam para nada, é o que se fartam de dizer na televisão...
Não posso acreditar que, depois de tanta mixórdia escrita à volta das águas marítimas do Concelho de Vila do Conde, que Deus a guarde à sua direita, a coloquem agora no meio das treze mais poluídas, ou seja, a evitar. Até parece aquela história do ar que respirávamos ser uma caca, se bem se lembram. Afinal era mais puro que o dos Pirenéus e o responsável por esse imbróglio todo uma sebosa churrasqueira que influía nas medições... Um azar do carago.
Mas estou descansado. Tenho a certeza, certezinha absoluta, de que o nosso Presidente, que Deus proteja a sua rica saudinha por muitos e bons anos, há-de retirar mais um coelhão da cartola que nos sossegue o espírito, amanhã mesmo. Porque ele é assim, trabalhador e preocupado com a nossa saúde, vão ver...
E já agora, para não perder o pedal, um recadinho ao pasquim verde da terreola...
Vocês não passam de uns mal educados. Atão têm a coragem de insinuar que nós não gostamos do nosso Presidente? Nós aqui, no QD, gostamos muito dele e até o tratamos carinhosamente por Tio. Bem, todos não. O Xis está a abanar a cabeça, mas ele é artista, não gosta de ninguém. Aliás, sem o Tio, o blog não existiria. Ele é a razão da nossa existência e por isso, obrigado, Tio, por seres uma fonte de informação tão rica e interessante.
Quanto aos mal educados, deram uma morteirada no pé, com aquela história do aspecto final e do belo efeito planeado pelo Sinza Vieira. Mas vocemecês querem enganar quem?... Maldizentes são vocês, seus insignificantes, seus... seus...
Bom, nada que umas ligaduras no velho Hospital da Bila não resolvam, e isto se conseguirem lugar na urgência...
Esta noite
Deixei-me levar
Pela fragrância
Do mar...
Fugi do conforto,
O carinho do lar
E fui-me, absorto
Directo ao Bar.
Minimal
Convexo
Animal
Desconexo
Circunspecto
Erecto
Estou nu... arte
A ver-me
Embebedar-te
Deslocado no espaço e no tempo. É assim que eu vejo António Pedro Ribeiro, talvez o caso mais sério da sub-cultura vilacondense e o seu mais digno representante. O Pedro sonha com revoluções movidas pelos ideais mais puros ( Che Guevara e Sandino ), e é simpatizante assumido da Insurreição Zapatista. Vê no movimento surrealista de Bretton e nos poemas malditos de Rimbaud, Baudelaire e Verlaine o sustento que lhe alimenta a alma, quando muitos sequer os compreendem ou olham com desconfiança.
O Pedro é um cuspidor de palavras. Das suas palavras plenas de raiva que ecoam como bofetadas. Porque este não é o tempo do Pedro... nem o espaço. Vila do Conde é demasiado pequena para a sua poesia e Pedro sabe-o mas não desiste, porque desistir é morrer de tédio.
"Estou apaixonado pelo primeiro-ministro
Quero vê-lo num bacanal
Com todos os ministros
E todos os ministérios
A arfar de prazer
A enrabar o défice, o orçamento
O IVA, a inflação, a recessão
Ágil e empreendedor
Como um super-homem"
in Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro
Edição Objecto Cardíaco
Eu ontem vi Pedro a actuar no pequeno e simpático bar Velvet, numa performance pouco comum e acompanhado por dois excelentes guitarristas (Rui Costa e Henrique Monteiro) que reforçaram as suas palavras com distorções sujas, por vezes melancólicas, um pouco ao estilo arty nova-iorquino das grandes performances em fábricas abandonadas. E eu gostei! Gostei... muito.
Todos deviam andar bêbados por qualquer coisa, afirmou Baudelaire... e assim é António Pedro Ribeiro, bêbado da sua Arte.
Nas areias da minha praia
Bolas de alcatrão dispersos
Objectos
De uma insigne laia
Com palavras me despeço.
Adeus, Malditos... Adeus
Pobre do triste
Coitado do aflito
Do rico
Dos que de mãos em riste
Caminham pelo deserto.
Adeus, Proscritos... Adeus
da crise cardíaca...
E ainda bem para o Valter, que agora pode respirar de alívio. Esta decisão impede, para já, que Margarida Rebelo Pinto avance com o pedido de uma indemnização pecuniária que poderia atirar com a editora para a prateleira do esquecimento, o que seria de todo indesejável e até injusto para com os objetivos do Valter, que passam pela publicação de estreantes, uma linha de orientação rara e digna de aplauso...
E espero que seja mesmo a isso que a editora se dedique no futuro, e não caia na tentação da publicação de textos de qualidade dúbia que, pela polémica, só beneficiam a quem os escreveu.
Esta miscelânia de legumes, frases soltas fora do contexto original (livros), e que alteram a sua compreensão num exercício muito pouco intelectual são, de facto, humilhantes para a autora e nunca deveriam ter saído do blog de Mister George...
Correu por aí um email apelando, para hoje e amanhã, ao Luto Nacional em protesto contra a vergonha, ou falta dela, dos nossos políticos com assento parlamentar. Claro que esta falta de vergonha está directamente relacionada com o despudor com que o tratamento dado à sua classe contrasta vivamente com as políticas sociais ultimamente assumidas pelo Governo.
Bom, eu não tenho nada contra este tipo de manifestações e até as aprovo, por vezes participo, quando sinto que são objectivas e merecedoras de um apontamento. No entanto, saltou-me à vista este parágrafo:
"sabemos que sair à rua é complicado devido aos compromissos diários, então... "
No meu entender, o facto de este género de manifestação não dar em nada reside precisamente neste ponto, do facto de hoje em dia ser "complicado" sair às ruas!
Eu sempre me considerei um pacifista, com capacidades de análise baseadas na compreensão, mas acredito neste momento que só ao estalo se conseguirá pôr termo a esta política totalitária do "eu quero, posso e mando" que o actual governo pretende impor ao país.
Só quando as pessoas, no seu exercício de cidadania, ganharem a consciência de que apenas a mobilização geral impele à revolução, e se dirigirem para a Capital num sinal inequívoco às Forças Armadas do seu descontentamento, se conseguirá colocar um ponto final no extremismo do governo, antes que seja tarde de mais. Já pouco falta para que nos retirem o que de mais precioso temos: a nossa dignidade.
Quando me interessei pela obra de Mozart há uns anos, da leitura de uma carta sua retirei a seguinte frase que, num contexto diferente e familiar, estranhamente se aplica ao teor deste post e devia estar exposto em local bem visível no Parlamento :
É a nobreza do coração que engrandece, e não a posição.
O JN, numa alusão ao cizentismo que paira sobre a marginal, referenciou simpaticamente alguns dos blogs da paróquia, entre os quais o Quasi Diário...
mas a Rosa continua a crescer no asfalto, ou seja...
local(89)
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capas de susto(21)
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rom(15)
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