Sexta-feira, 20 de Fevereiro de 2009

estamos a passar uma crise nacional - oh oh oh - ei ei ei

 

 

Os nossos infortúnios são curados pelo grato reconhecimento do que de bom nos acontece e pelo reconhecimento de que é impossível desfazer o que está feito.
Epicuro, 341-270 a.C., filósofo grego, The Extant Remains

 

 

“Estamos a passar uma crise nacional - oh, oh, oh - ei, ei, ei”, rezava a letra duma música dum conhecido grupo musical português do “bas fond” nortenho do início dos anos 80. E realmente estávamos… mas quem queria lá saber disso!

 

 

Acabados de sair de uma revolução florida mas pouco ou nada psicadélica, cheios de esperança mas com pouco dinheiro no bolso, o país reencontrava-se consigo próprio e iniciava uma lenta viragem a partir do “inferno” da “ditadura do proletariado” e dos “amanhãs que cantam” dos anos 70 para o “paraíso” da “ditadura das leis do mercado” e da “livre concorrência” dos anos que se seguiram.

 

 

Lá fora e nesse entretanto, a roda da História continuava a girar fazendo cair com estrondo um certo muro na cidade de Berlim e, com ele, o regime comunista soviético, relegado para o baú das más recordações e das criminosas experiências falhadas da humanidade, deixando em cena um capitalismo que se ergue dos escombros, triunfante, único sobrevivente e digno representante do pior que há na espécie humana: a ganância.

 

 

Abrem-se e desregulam-se os mercados mundiais, globaliza-se a economia, criam-se paraísos fiscais, as multinacionais deslocalizam as unidades produtivas para terem menores custos, os países concorrem entre si para produzir cada vez mais barato, as bolsas incham e esvaziam-se a ritmo alucinante, dando dinheiro a poucos e tirando a muitos, regimes comunistas rendem-se às virtualidades da economia de mercado e, de repente… chovem aviões cheios de gente sobre edifícios gigantescos no paraíso capitalista.

 

 

E, depois disto, nada voltou a ser o mesmo… na altura ninguém percebeu, mas agora é muito claro que a queda desses edifícios foi uma metáfora da queda fragorosa do “outro muro de Berlim”, marcando o início da agonia do regime capitalista por falta de sustentabilidade, porque sendo os recursos do planeta limitados, o crescimento económico infinito é impossível: tem que haver uma ruptura!

 

 

Fazem-se guerras, invadem-se e destroem-se países à revelia do Direito Internacional, prendem-se, torturam-se e matam-se pessoas sem julgamento e sem culpa formada, aniquilam-se vidas aos milhões, produz-se e consome-se petróleo como nunca e este nunca é suficiente, a poluição e o desperdício tomam proporções inimagináveis, sente-se o clima a mudar e a aquecer e agora, por fim, a economia a arrefecer.

 

 

A crise começou de mansinho, no crédito hipotecário do paraíso capitalista, contaminou bancos, empresas, bolsas e está a espalhar-se pelo mundo como fogo numa seara no Verão, com os bancos dos Estados a financiar este descalabro. Mas como e com quê? Com o papel que eles próprios fabricam? Até quando?

 

 

“Estamos a passar uma crise nacional - oh, oh, oh - ei, ei, ei”, pois é… e agora, José?

 

Muro de Berlim (que assim regressa)

 

 


publicado por siX às 09:14
link do post | comentar | favorito

blocked

. 3 seguidores

os latagões

  • s¿X
  • berlim
  • reporter xis
  • passado

    vileiros

    net.vil@condense

    outras.vil@s

    vizinhos

    ambiente

    mixórdias

    Setembro 2009

    Maio 2009

    Fevereiro 2009

    Janeiro 2009

    Dezembro 2008

    Dezembro 2007

    Novembro 2007

    Outubro 2007

    Setembro 2007

    Julho 2007

    Junho 2007

    Maio 2007

    Abril 2007

    Março 2007

    Fevereiro 2007

    Janeiro 2007

    Dezembro 2006

    Novembro 2006

    Outubro 2006

    Setembro 2006

    Agosto 2006

    Julho 2006

    Junho 2006

    Maio 2006

    Abril 2006

    Março 2006

    Janeiro 2006

    Dezembro 2005

    Novembro 2005

    Outubro 2005

    Setembro 2005

    Agosto 2005

    lataria e afins

    momento... único!

    o meu voto vai para...

    as verdades de medina car...

    estamos a passar uma cris...

    o mágico

    viu por aí?...

    uma mentira conveniente

    um farol às escuras II

    communiqué - um farol às ...

    todos ao molhe e fé em de...

    tags

    local(89)

    concertos(32)

    poem(28)

    diários QD(26)

    momentos vc(24)

    diários qd(23)

    politica nac(23)

    capas de susto(21)

    ?(18)

    rom(15)

    memoriasvc(9)

    calixto(8)

    blogs(7)

    correio dos leitores(7)

    mundial futebol(7)

    natal(6)

    todos os santos(6)

    divag(4)

    fcp(4)

    aborto(3)

    todas as tags

    subscrever feeds

    vileiros no limbo